Rosácea aumenta risco de blefarite – O que você precisa saber

Rosácea aumenta risco de blefarite – O que você precisa saber

A rosácea aumenta risco de blefarite, inflamação crônica que atinge as margens das pálpebras. Apesar de a rosácea ser uma doença dermatológica, muitos pacientes também apresentam sintomas oculares, tais como a blefarite e o olho seco, condição chamada de rosácea ocular.  

Para falar um pouco mais sobre porque a rosácea aumenta o risco de blefarite, hoje vamos entrevistar a oftalmologista, Dra. Tatiana Nahas, especialista em anexos palpebrais e cirurgia plástica ocular.


Rosácea aumenta risco de blefarite em quase 4 vezes


Segundo um estudo publicado no periódico Journal of Clinical Medicine, que envolveu mais de 12.936 pacientes com rosácea e um número igual de pacientes saudáveis, a rosácea aumenta em 3,4 vezes o risco de desenvolver a blefarite. Estima-se que a rosácea afeta 5% da população adulta e, em 20% dos casos, o paciente apresenta também blefarite e outros sintomas oculares.

“Primeiramente, é importante esclarecer que a rosácea é uma doença inflamatória crônica que atinge a pele do rosto, mais especificamente a zona central do rosto. As principais características dessa doença são vermelhidão, espinhas e vasos sanguíneos aparentes no centro da face. Contudo, uma parte significativa dos pacientes com rosácea também desenvolve a blefarite, além de calázio de repetição”, explica Dra. Tatiana.


De acordo com um estudo, 74,5% dos pacientes com rosácea apresentam sinais oculares, sendo a blefarite a mais comum, bem como olho seco, calázio e terçol de repetição. Para além disso, quando a rosácea é mais severa, podem surgir outras doenças oculares, que afetam a córnea e a esclera.

Entenda por que a rosácea aumenta risco de blefarite

Inicialmente, precisamos entender que tanto a rosácea quanto a blefarite são doenças inflamatórias crônicas. Sendo assim, ambas levam o sistema imunológico a liberar citocinas pró-inflamatórias, ou seja, substâncias que pioram o estado inflamatório. Além disto, a rosácea também é responsável pelo aumento da presença dos ácaros Demodex, principalmente nas pálpebras e cílios.


“Então, uma das hipóteses mais aceitas hoje sobre porque a rosácea aumenta risco de blefarite é a proliferação dos ácaros Demodex. Esses micro-organismos habitam, principalmente, a pele do rosto, mais especificamente as glândulas sebáceas e os folículos pilosos (orifícios de onde saem os pelos). Em condições normais, os Demodex não causam nenhum problema e fazem parte da flora normal da pele humana”, comenta Dra. Tatiana.

Contudo, vários estudos apontaram que em pessoas com rosácea há um aumento significativo na presença dos ácaros Demodex. Um desses estudos apontou que a presença do Demodex folliculorum (que habita os folículos pilosos) era 5,7 vezes maior em pacientes com rosácea em comparação com indivíduos saudáveis. Adicionalmente, o estudo mostrou que pacientes com rosácea apresentam uma maior expressão de genes que induzem à inflamação.


O papel da inflamação pode explicar por que a rosácea aumenta risco de blefarite

A partir dos apontamentos e resultados dos estudos ao longos dos anos, foi possível traçar um panorama mais claro sobre a associação entre a rosácea e a blefarite. Assim, descobriu-se que, em ambas as doenças, existem componentes que agravam e alimentam o estado inflamatório.  

“Dessa maneira, percebemos que os ácaros Demodex contribuem para a inflamação por meio da obstrução mecânica dos folículos, bem como induzem reações de defesa do organismo contra ao seu exoesqueleto quitinoso, além da liberarem bactérias após sua morte, que atuam como alérgenos e exacerbam a resposta imune”, conta Dra. Tatiana.

Ademais, a infestação dos ácaros Demodex altera o funcionamento das glândulas sebáceas das pálpebras, as glândulas de Meibômio. “Essas estruturas produzem e secretam o sebo que compõe uma das camadas do filme lacrimal. Com isso, há um prejuízo importante na qualidade e na quantidade desse sebo. Todas essas alterações resultam tanto na blefarite, como no olho seco, além de aumentar a ocorrência de calázio e terçol de repetição”, afirma Dra. Tatiana.

Luz intensa pulsada trata rosácea e blefarite

Um dos tratamentos mais usados por sua eficácia em longo prazo para tratar a blefarite é a Luz Intensa Pulsada. Aliás, uma curiosidade a respeito da IPL é que, inicialmente, a indicação era para doenças dermatológicas, como a rosácea. Entretanto, os médicos perceberam que os pacientes com rosácea, que apresentavam sintomas oculares, apresentavam melhora de ambas das condições.

Após anos de estudo, a IPL foi aprovada também para tratar as doenças da superfície ocular, como o olho seco e a blefarite.

“A luz intensa pulsada, após a aplicação, se transforma em calor. A partir desse efeito térmico, ocorre o amolecimento das secreções acumuladas nas glândulas sebáceas, bem como a cauterização dos vasos que alimentam o estado inflamatório. Por fim, a IPL também elimina a infestação dos ácaros Demodex e de bactérias”, ressalta Dra. Tatiana.

Após a aplicação, é importante realizar a expressão das glândulas de Meibômio. O médico faz a “ordenha” das glândulas até desobstrui-las por completo. Isto ajuda a normalizar a produção e a secreção do sebo que compõe o filme lacrimal e restabelece o funcionamento dessas glândulas sebáceas.

Quer entender melhor o tratamento com a Luz Intensa Pulsada? Leia mais aqui.

Conclusão

Enfim, como pudemos entender ao longo do artigo, a rosácea aumenta risco de blefarite. Portanto, pacientes com rosácea que apresentam sintomas oculares devem procurar um oftalmologista para diagnóstico e tratamento. A luz pulsada apresenta ótimos resultados, com remissão dos sinais e sintomas em longo prazo. Com isso, os pacientes podem ter mais qualidade de vida e assegurar a saúde ocular”, finaliza Dra. Tatiana.

Dra. Tatiana Nahas é oftalmologista especialista em cirurgia plástica ocular e anexos palpebrais. A médica atende em seu consultório no Itaim Bibi, na cidade de São Paulo.

O consultório fica na região do Itaim Bibi, na cidade de São Paulo.

Para mais informações, ligue para (11) 3071-3423

Matéria produzida pela jornalista pela Leda Maria Sangiorgio MTB 30.714 É expressamente proibida a cópia parcial ou total do material, sob pena da Lei de Direitos Autorais, número 10.695. 

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