A luz pulsada trata o olho seco. Essa é uma ótima novidade, principalmente para as mulheres na menopausa ou no climatério.
O climatério, fase que antecede a última menstruação da mulher, é um importante fator de risco para o desenvolvimento da síndrome do olho seco, também conhecida por ceratoconjuntivite seca. A prevalência no mundo varia de 5% a 34%, com um aumento significativo após os 50 anos de idade, especialmente em mulheres.
Segundo a oftalmologista Dra. Tatiana Nahas, especialista em pálpebras e em cirurgia plástica ocular, Chefe do Serviço de Plástica Ocular da Santa Casa de São Paulo, o olho seco é uma doença multifatorial que afeta o filme lacrimal e a superfície ocular.
“A lágrima nutre e lubrifica a superfície ocular. Além disso, tem um papel importante na regeneração de lesões oculares, bem como protege os olhos contra micro-organismos, partículas de poeira ou outras substâncias irritantes. A falta de lágrimas ou a má qualidade do filme lacrimal são as principais causas do olho seco”, explica Dra. Tatiana.
A culpa é dos hormônios
Um filme lacrimal saudável depende de uma interação sinérgica das glândulas lacrimais, pálpebras e superfície ocular, que juntas compõem a unidade funcional lacrimal. A disfunção de qualquer componente dessa unidade funcional lacrimal pode levar ao olho seco.
Entre os fatores que podem desestabilizar o filme lacrimal estão a fase do climatério, que antecede a última menstruação da mulher (menopausa), bem como a pós menopausa.
“A relação do olho seco com a menopausa/climatério reside no fato de que as substâncias que compõem o filme lacrimal são produzidas pelas glândulas de Meibômio e pelas glândulas lacrimais. Essas, por sua vez, possuem receptores estrogênicos e androgênicos e seu funcionamento é influenciado quando esses hormônios têm sua secreção e produção alteradas, como no caso do climatério e da menopausa”, detalha Dra. Tatiana.
Irritação
Entre os principais sintomas da síndrome do olho seco estão ardência, irritação, sensação de areia nos olhos, coceira, sensibilidade à luz, dificuldade para ficar em lugares com ar-condicionado, dificuldades para ler ou para usar dispositivos eletrônicos, bem como embaçamento visual ao longo do dia.
Além da menopausa
Apesar do climatério e da menopausa serem fatores de risco importantes, a síndrome do olho seco também está relacionada ao processo natural do envelhecimento, diabetes, doenças autoimunes, uso de lentes de contato, uso de certos medicamentos e histórico de cirurgia a laser.
“Outro ponto importante quando falamos de mulheres no climatério ou na pós menopausa, é que as evidências científicas mostram que a reposição hormonal pode aumentar, de forma significativa, a chance de a mulher desenvolver o olho seco”, comenta Dra. Tatiana.
Tratamento inovador
O tratamento mais usado para o olho seco é a prescrição de colírios lubrificantes ou ainda de alguns medicamentos anti-inflamatórios. O olho seco, entretanto, é uma condição que não tem cura, apenas controle. Muitas vezes, esse tratamento clínico não é suficiente para melhorar os sintomas.
“Atualmente, temos o tratamento com luz pulsada de alta intensidade, que foi uma verdadeira revolução para o manejo do olho seco. Esse tratamento é indicado para os pacientes que apresentam baixa produção de lipídios, um dos três componentes do filme lacrimal”, ressalta Dra. Tatiana.
De acordo com a oftalmologista, a aplicação da luz pulsada estimula e desobstrui as glândulas de Meibômio. O restabelecimento dessas estruturas garante o aporte de lipídios necessários para a composição do filme lacrimal, melhorando sua qualidade.
O resultado do tratamento do olho seco com a luz pulsada pode durar de 18 a 36 meses. Cada sessão dura em torno de 3 a 5 minutos, sendo recomendado realizar 3 sessões, com intervalo de 15 dias entre as aplicações. “É tratamento tópico, ou seja, o paciente precisa ingerir nenhuma substância que possa trazer alterações sistêmicas ou em outros órgãos”, reforça a médica.
As aplicações são indolores, seguras e minimamente invasivas. “Entretanto, é preciso fazer em uma clínica autorizada, com um médico oftalmologista devidamente treinado para o uso do equipamento”, finaliza Dra. Tatiana.
Dicas para quem tem olho seco
- Evite coçar os olhos
- Reduza o tempo de permanência em ambientes com ar-condicionado
- Use os colírios lubrificantes prescritos pelo oftalmologista
- Use óculos de sol sempre que sair ao ar livre
- Em climas mais secos, use umidificadores de ar
- Reduza o tempo de uso dos dispositivos digitais, tais como celulares, computadores e lembre-se de piscar mais vezes ao usá-los
- Prefira usar óculos de grau do que lentes de contato