A blefarite é uma inflamação crônica que atinge as margens palpebrais, aquela parte das pálpebras em que as mulheres costumam aplicar lápis de olho e delineadores.
A condição pode afetar pessoas de todas as idades, gêneros e etnias. Contudo, é mais prevalente em pessoas com mais de 50 anos. Segundo dados de um estudo recente, a prevalência da blefarite em pessoas com mais de 40 anos é de 8,8%.
Segundo Dra. Tatiana Nahas, oftalmologista especialistas em cirurgia plástica ocular e anexos palpebrais, os sintomas da blefarite impactam de forma significativa na qualidade de vida dos pacientes. “Os primeiros sinais podem ser mais brandos ou até mesmo confundidos com outras doenças oculares, como alergias e conjuntivite. Contudo, ao longo do tempo, os sintomas podem piorar e se diversificar”, comenta a médica.
Você sabia?
A origem do nome da inflamação crônica nas pálpebras – blefarite- vem do grego. “Blepharon” significa pálpebras em grego e “ite” é o termo usado para inflamação.
Sinais e Sintomas da Blefarite
Veja abaixo os sinais e sintomas da blefarite. Vale lembrar as manifestações podem ocorrer em ambos os olhos, com períodos de melhora e piora.
- Coceira nas bordas (margens) das pálpebras
- Inchaço e vermelhidão nas pálpebras
- Perda de cílios
- Acúmulo de remela (secreção amarelada, nas bordas das pálpebras e nos cantos dos olhos)
- Vermelhidão ocular
- Ardência e sensação de corpo estranho no olho
- Sensibilidade à luz
- Formação de crostas nas margens palpebrais devido ao acúmulo de secreções, popularmente chamadas de “caspas nos cílios”, que são mais evidentes pela manhã, ao acordar
- Lacrimejamento
- Visão turva
Causas da blefarite
“Na maioria dos casos, a blefarite costuma ser crônica e, quase sempre, é consequência da disfunção das glândulas meibomianas (DGM). Essas estruturas são responsáveis pela produção e secreção do sebo, que compõe a parte oleosa do filme lacrimal.
Essa disfunção causa alterações que podem causar uma obstrução nos ductos por onde o sebo é secretado, bem como afetar a sua qualidade. Outro resultado do entupimentos das glândulas sebáceas palpebrais é uma processo inflamatório crônico”, aponta Dra. Tatiana.
Embora a blefarite possa atingir qualquer pessoa, alguns fatores de risco que aumentam a chance de desenvolver a condição, como:
- Dermatite seborreica
- Rosácea
- Menopausa
- Idade (mais comum depois dos 40 anos)
- Olho seco
- Calázio
- Ceratite (infecção na córnea)
- Uso de hormônios (especialmente da testosterona)
- Infestação de ácaros Demodex e bactérias
Diagnóstico da blefarite
A blefarite não é uma doença muito conhecida pela população em geral, embora sua prevalência seja relativamente importante. Por esse motivo, os pacientes demoram para procurar ajuda, associando os sintomas a alergias e outras condições oftalmológicas.
De qualquer maneira, na presença persistente dos sintomas, o ideal é procurar um oftalmologista para realizar uma avaliação minuciosa.
“Na consulta, realizamos o levantamento de todas as informações do histórico de saúde do paciente. Durante os exames clínicos, avaliamos a presença das manifestações e, por meio do uso da lâmpada de fenda, conseguimos detectar os sinais típicos da blefarite. Para além disso, também avaliamos a saúde do filme lacrimal, já que muitos pacientes também apresentam a síndrome do olho seco”, esclarece a oftalmologista.
Tratamento da blefarite
A blefarite é uma doença crônica, que pode ter períodos de melhora e piora. De qualquer modo, a condição costuma afetar bastante a qualidade de vida. Até pouco tempo, o tratamento consistia no uso de medicamentos, especialmente durante as crises, como anti-inflamatórios, antibióticos (quando há presença de bactérias), colírios e higiene das pálpebras. Contudo, muitos pacientes não apresentavam melhoras dos sintomas e continuavam a ter crises recorrentes da condição.
Entretanto, a introdução da Luz Intensa Pulsada (IPL) no tratamento da blefarite mudou o curso da doença.
“A IPL é uma energia luminosa que se transforma em calor. Essa energia térmica é absorvida na camada dérmica das pálpebras, resultando no amolecimento das secreções endurecidas. Outro efeito é a cauterização dos vasos sanguíneos, que alimentam o processo inflamatório. Por fim, a luz pulsada também elimina a proliferação de ácaros e bactérias, envolvidos na blefarite”, conta Dra. Tatiana.
Logo após a aplicação da IPL, é fundamental remover, manualmente, as secreções das glândulas meibomianas. Essa expressão nos ductos é crucial para restabelecer a função dessas estruturas.
Aplicação da Luz Intensa Pulsada para Blefarite – Como funciona
“A aplicação da luz intensa pulsada para tratar a blefarite é indolor e rápida. O procedimento acontece no consultório, sendo bastante tranquilo. O paciente recebe um óculos para proteger os olhos e disparamos os feixes luminosos. Logo após esse primeiro passo, realizamos a remoção manual das secreções acumuladas nas glândulas. Em geral, a aplicação pode levar de 10 a 20 minutos”, diz Dra. Tatiana.
“O paciente pode retomar suas atividades normalmente, ou seja, não há necessidade de repouso ou outro cuidado mais rigoroso após a aplicação da IPL. Ao todo, são necessárias de 3 a 4 sessões, com intervalo de 15 dias entre elas. Os resultados já aparecem nos primeiros dias, com um alívio importante dos sintomas, que entram em remissão em longo prazo. A única recomendação é fazer uma sessão da luz pulsada após um ano do tratamento, para manutenção dos resultados”, finaliza a especialista.