Os exames oftalmológicos de rotina devem fazer parte do check up anual de saúde. Embora o termo “check up” seja mais associado aos exames cardiológicos, ele também vale para os exames oftalmológicos de rotina.
Para falar mais sobre o assunto, hoje vamos entrevistar a oftalmologista Dra. Tatiana Nahas, especialista em cirurgia plástica ocular e anexos palpebrais.
Exames oftalmológicos de rotina são cruciais desde a infância até a vida adulta
Primeiramente, é crucial esclarecer que a visão é o último sentido do corpo humano a se desenvolver. Sendo assim, o processo do desenvolvimento visual se completa por volta dos 7 anos de idade. Portanto, os exames oftalmológicos de rotina também devem fazer parte dos cuidados infantis.
“Na fase pré-escolar e escolar, é ainda mais importante levar a criança ao oftalmologista. A razão é que nessa fase é mais comum detectar os erros refrativos (miopia, astigmatismo e hipermetropia), bem como o estrabismo e a ambliopia. Acima de tudo, quando essas condições ficam sem tratamento, podem causar atrasos na aprendizagem e no desenvolvimento global da criança”, comenta Dra. Tatiana.
Já na vida adulta, os exames oftalmológicos são essenciais, especialmente após os 40 anos. “O processo natural do envelhecimento aumenta o risco de inúmeras doenças, incluindo as oculares. Entre as patologias que são mais prevalentes a partir da quarta década estão o glaucoma, catarata, doenças da retina, blefarite e olho seco”, aponta a especialista.
Conheça os exames oftalmológicos de rotina
Inicialmente, é importante dizer que os exames oftalmológicos de rotina vão muito além do exame de acuidade visual. Embora seja o mais conhecido pela população, o teste em que é preciso sentar-se e ler letras e números em uma tabela, é apenas um dos exames que fazem parte da consulta o oftalmologista.
Agora, vamos falar como funciona a consulta de rotina com um oftalmologista. Confira abaixo.
Anamnese
Em primeiro lugar, vale lembrar que em todas as consultas médicas, em qualquer especialidade, você vai passar pela anamnese.
“Trata-se da avaliação do médico, para conhecer e analisar o estado de saúde do paciente, quais medicamentos está usando no momento, presença de doenças sistêmicas ou oculares e histórico familiar de doenças em geral, especialmente as condições visuais que podem ser hereditárias. Depois da anamnese, o oftalmologista inicia os exames oculares”, explica Dra. Tatiana.
2- Teste de Snellen / Teste de Refração
O exame de refração mede a acuidade visual, ou seja, a capacidade de enxergar objetos com detalhes e nitidez, a 6 metros de distância. O teste é feito em um olho por vez, com o outro fechado. O paciente se senta na cadeira e precisa ler a tabela, de acordo com as orientações do médico.
A tabela de Snellen tem 11 linhas de letras. Quando o paciente consegue ler até a fileira 8, sua acuidade visual é considerada normal (20/20) que é capacidade de enxergar nitidamente a 6 m ou 20 pés. Quando o paciente não consegue ler até a fileira 8, o oftalmologista vai calcular o comprometimento da acuidade visual, que vai depender da linha que o paciente consegue enxergar.
O teste de refração pode ser feito isoladamente ou juntamente com o Refrator Manual. O oftalmologista coloca o aparelho no rosto do paciente e testa diferentes lentes e filtros, para longe e para perto, para fazer o diagnóstico do erro refrativo e prescrever as lentes de correção.
“Atualmente, temos o Auto Refrator, que ajuda a confirmar o grau dos erros refrativos que foram apontados pelo Refrator Manual”, complementa Dra. Tatiana.
3-Motilidade ocular
“O teste ortóptico é uma avaliação da motilidade ocular, ou seja, ele analisa como os músculos dos olhos estão funcionando, em conjunto. Além disso, mede o alinhamento dos olhos e a capacidade de movimento em várias direções, identificando possíveis falhas ou anormalidades. O exame de motilidade ocular é importante, por exemplo, para diagnosticar o estrabismo”, de acordo com a oftalmologista.
4- Exame de fundo de olho (fundoscopia)
O exame de fundo de olho, também chamado de fundoscopia ou oftalmoscopia, é essencial para diagnosticar doenças que atingem a retina (fundo do olho).
O oftalmologista usa um aparelho que projeta uma luz dentro do globo ocular. Com isso, é possível avaliar a retina, vasos sanguíneos e nervo óptico.
5- Avaliação das pálpebras e anexos oculares
Durante a consulta de rotina, o oftalmologista vai examinar também as pálpebras e os anexos oculares. Para isso, o médico utiliza um aparelho chamado de lâmpada de fenda. O médico consegue avaliar a saúde da superfície ocular e das glândulas sebáceas das pálpebras.
6- Tonometria
“A tonometria é um teste essencial para prevenir o glaucoma, doença que afeta o nervo óptico e pode causar perda total e definitiva da visão. O exame mede a pressão intraocular que quando alterada pode sugerir a presença do glaucoma. Para pessoas acima dos 40 anos, a tonometria deve ser anual”, alerta Dra. Tatiana.
Exames oftalmológicos de rotina podem não ser suficientes
Embora a consulta de rotina com um oftalmologista seja bastante completa e permite o diagnóstico de diversas condições e patologias oculares, existem casos em que o médico pode solicitar exames adicionais.
Entre eles estão a Tomografia de Coerência Óptica (OCT), retinografia, campimetria, mapeamento da córnea e outros.
Procure seu oftalmologista anualmente para fazer os exames oftalmológicos de rotina
Em conclusão, é fundamental realizar os exames oftalmológicos de rotina, anualmente. Por meio desse check up, é possível detectar doenças que ameaçam a visão, bem como tratá-las ou ainda prevenir o desenvolvimento de outras patologias oculares. Finalmente, vale lembrar que os cuidados com a visão devem começar desde a infância”, finaliza Dra. Tatiana.