A blefarite por ácaros Demodex, ou seja, a inflamação crônica nas pálpebras relacionada à infestação desses micro-organismos, pode corresponder, segundo estudos, a cerca de 60% de todos os casos da doença. Segundo pesquisas recentes, pacientes com sinais e sintomas clínicos de blefarite apresentam altas taxas de infestação de Demodex, com prevalência variando de 29% a 90%.
Mas, afinal, o que são ácaros Demodex?
Você pode não saber, mas todo mundo convive com milhares de ácaros Demodex na pele, sem que isso cause nenhuma doença. Por outro lado, algumas espécies podem sim causar problemas, quando se proliferam e geram uma infestação. Os ácaros pertencem à subclasse Acari, da classe dos aracnídeos, a mesma das aranhas. Contudo, os parentes mais próximos dos ácaros são os carrapatos.
Segundo Dra. Tatiana Nahas, oftalmologista especialista em anexos palpebrais e cirurgia plástica ocular, existem duas espécies de ácaros Demodex que colonizam as pálpebras: o Demodex folliculorum e o Demodex brevis. Normalmente, a infestação do D. folliculorum ocorre na base dos cílios e do D. brevis nas glândulas sebáceas das pálpebras, chamadas de glândulas de Meibômio. “Ao longo dos anos, estudos apontaram que esses micro-organismos, quando em quantidade acima do normal, estão associados ao desenvolvimento da blefarite ou à piora dos sintomas”, conta a médica.
Coceira é o principal diferencial da blefarite por ácaros Demodex
A blefarite tem várias origens. Contudo, a coceira intensa nas pálpebras é o principal indício da blefarite por ácaros Demodex. Um estudo apontou que metade dos pacientes com blefarite relata a coceira como o sintoma mais incômodo da doença.
Para além da coceira, a blefarite pode levar a outras manifestações, como:
- Formação de crostas na base dos cílios
- Olhos grudados e com muita secreção, especialmente pela manhã
- Inchaço palpebral
- Vermelhidão palpebral e na conjuntiva
- Sensibilidade à luz
- Ardência
- Perda de cílios
- Secura ocular
- Sensação de areia nos olhos
Entenda o mecanismo da doença
A blefarite é uma inflamação crônica que atinge as margens das pálpebras. Dessa forma, essa inflamação pode ter várias origens, sendo uma delas uma infestação de ácaros Demodex. Esses seres nascem, crescem, se reproduzem e morrem. Sendo assim, todo o ciclo de vida gera substâncias provenientes da alimentação, reprodução, digestão e morte.
Conforme os ácaros D. folliculorum consomem células epiteliais no folículo piloso dos cílios, suas garras afiadas causam micro escoriações, induzindo um aumento do número de células na epiderme, que causa um engrossamento na pele. Outras consequências da presença do D. folliculorum são a dilatação e hiperqueratinização do ducto do folículo piloso, cujo resultado é o desencadeamento de um processo inflamatório.
Na medida em que os ácaros D. folliculorum se aglomeram e depositam seus ovos na base dos cílios, podem ocorrer ainda a perda de cílios, bem como quadros de conjuntivite reativa e ceratite (infecção na córnea). Da mesma forma, a infestação também é agravada devido aos detritos depositados pelos ácaros, como enzimas digestivas, células epiteliais, queratina e ovos.
Já os ácaros D. brevis habitam as glândulas de Meibômio. Acredita-se que o acúmulo de restos de ácaros em decomposição, incluindo seus exoesqueletos quitinosos, contribua para o bloqueio físico das glândulas meibomianas, possivelmente levando a mudanças na anatomia dessas glândulas ao longo do tempo. Mudanças na secreção do meibum (sebo que compõe o filme lacrimal) ou em sua composição lipídica também podem tornar o ambiente ocular mais favorável para a proliferação dos ácaros Demodex.
Ácaros Demodex, bactérias e blefarite
Ao longo dos anos, muitos estudos mostraram que os cílios de pessoas com blefarite têm uma presença maior de bactérias do que pessoas sem esse diagnóstico. A hipótese mais aceita é que a infestação de Demodex reduz a diversidade do microbioma (conjunto de micro-organismos essenciais para a saúde) na região ocular e isso reduz as defesas do sistema imunológico.
Para além disso, os ácaros Demodex carregam bactérias dentro do abdômen e, quando morrem, acabam liberando-as na região periocular. Em conclusão, os ácaros Demodex podem atuar como “vetores” para outros micro-organismos da pele e criam um ambiente propício para infecções, quando, por exemplo, o paciente esfrega os olhos para aliviar a coceira e o desconforto relacionados à blefarite.
Diagnóstico da blefarite por ácaros Demodex
Embora a blefarite seja relativamente comum em adultos, nem sempre o diagnóstico é feito de forma precoce. “Dessa forma, o paciente pode passar muito tempo sofrendo com os sintomas, sem um tratamento que possa amenizar o quadro clínico. Em muitos casos, as manifestações são semelhantes a outras condições oftalmológicas e isso pode atrasar a detecção”, diz a especialista.
Por outro lado, a blefarite por ácaros Demodex tem uma apresentação clínica que pode facilitar o diagnóstico, as chamadas “caspas nos cílios”, sinal típico dessa forma de blefarite. “Durante o exame com a lâmpada de fenda, podemos notar a presença de crostas na base dos cílios, que lembram caspas, parecidas com as encontradas no couro cabeludo”, aponta Dra. Tatiana.
Como tratar a blefarite
O tratamento da blefarite por ácaros Demodex pode envolver recursos medicamentosos, higiene das pálpebras, bem como o uso da Luz Intensa Pulsada (IPL).
De acordo com um estudo recente, a luz intensa pulsada, é efetiva no tratamento da blefarite por ácaros Demodex. O estudo é uma meta-análise que avaliou mais de 1600 pesquisas sobre tratamentos para as doenças da superfície ocular e anexos.
“A energia luminosa da luz pulsada é transformada em energia térmica. Esse calor atua diretamente na redução dos ácaros, bactérias, bem como dos fatores inflamatórios, além de desobstruir os ductos das glândulas sebáceas das pálpebras. A IPL leva à remissão dos sintomas em longo prazo, com impacto importante na melhora da qualidade de vida do paciente”, finaliza Dra. Tatiana.
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