A luz intensa pulsada trata blefarite, meibomite e olho seco. Primeiramente, você sabe como a IPL é capaz de melhorar os sintomas em longo prazo destas doenças?
Para entender melhor o funcionamento da luz pulsada voltada para condições oftalmológicas, é preciso compreender a origem destas patologias.
Segundo Dra. Tatiana Nahas, oftalmologista especialista em cirurgia plástica periocular, a blefarite, a meibomite e o olho seco estão relacionadas à disfunção das glândulas meibomianas (DGM). “Trata-se de uma condição caracterizada pela alteração no funcionamento das glândulas sebáceas das pálpebras, responsáveis por produzir o sebo (meibum) que compõe uma das camadas do filme lacrimal. Desta forma, o meibum é crucial para a nutrição e lubrificação da superfície ocular”.
Sendo assim, a DGM pode levar a mudanças na quantidade ou na qualidade do sebo. Como resultado, há o desencadeamento de um processo inflamatório, que pode resultar no desenvolvimento da meibomite, blefarite e do olho seco.
“Neste sentido, quando as glândulas meibomianas param de produzir sebo de boa qualidade, o filme lacrimal evapora mais rápido. Isto, por sua vez, aumenta a concentração de sal nas lágrimas que causa danos na superfície ocular e agrava o processo inflamatório”, explica Dra. Tatiana.
Entenda melhor o processo inflamatório envolvido na blefarite, meibomite e olho seco
Embora o processo inflamatório seja uma reação do sistema imunológico para proteger o organismo contra danos, micro-organismos, entre outros males, em alguns casos a inflamação pode ser nociva. Neste caso, a DGM desencadeia a chamada “cascata inflamatória”, mediada pelas citocinas pró-inflamatórias.
“As citocinas são proteínas que mediam as reações do sistema imunológico para favorecer a melhora dos quadros inflamatórios ou infecciosos. No entanto, existem as citocinas anti-inflamatórias e as pró-inflamatórias. No caso da DGM, há uma produção exagerada das citocinas pró-inflamatórias, que agravam o problema. Como resultado, a pessoa pode desenvolver o olho seco, a meibomite, a blefarite, além de episódios de terçol e calázio de repetição”, aponta a especialista.
O processo inflamatório da DGM também gera o crescimento de “vasinhos”, chamados de telangiectasias, que são bastante visíveis na parte branco do olho de pessoas com o olho seco. Na blefarite, por exemplo, os vasinhos crescem nas margens palpebrais.
Presença de proliferação de ácaros e bactérias agrava a inflamação
Para além das citocinas pró-inflamatórias, muitos pacientes com DGM apresentam uma proliferação de ácaros Demodex. Esses micro-organismos se alimentam do sebo e de restos de pele. Quando morrem, liberam toxinas que podem piorar o estado inflamatório. Neste mesmo sentido, temos algumas bactérias que também estão envolvidas no agravamento do quadro”, diz Dra. Tatiana.
Como a luz intensa pulsada trata a blefarite, a meibomite e olho seco
A IPL não é um tratamento novo. Na verdade, é usada desde a década de 90 para doenças dermatológicas, como acne rosácea, para remover pelos e para tratar os vasinhos nas pernas (telangiectasias). Por volta dos anos 2000, os médicos perceberam que pacientes com rosácea tratados com a IPL, que tinham diagnóstico de olho seco, apresentavam melhora dos sintomas ocular.
A partir desta observação, houve a realização de estudos, que apontaram que a IPL era eficaz para reduzir os sintomas do olho seco, bem como de melhora o processo inflamatório de maneira geral. Desde então, a luz pulsada passou a ser usada para tratar as doenças da superfície ocular, com excelentes resultados.
IPL age diretamente na redução dos fatores inflamatórios
“A chave do sucesso da IPL é que ela age diretamente na inflamação envolvida na DGM. A aplicação reduz os fatores inflamatórios, pois seca os vasinhos, por meio da fotocoagulação. Com isto, as citocinas não conseguem “alimentar” a cascata inflamatória. Para além disto, a energia térmica amolece o sebo acumulado nas glândulas de Meibômio e elimina a proliferação dos ácaros Demodex e as bactérias”, ressalta Dra. Tatiana.
“Um ponto essencial na melhora dos sintomas das doenças relacionadas à DGM é a expressão das glândulas de Meibômio após a aplicação da luz pulsada. Quando terminamos a aplicação, é preciso remover manualmente o sebo para desobstruir os ductos. Trata-se de um processo que lembra a extração de cravos. Esta etapa é fundamental para normalizar o funcionamento das glândulas”, finaliza a médica.
Luz intensa pulsada trata blefarite, meibomite e olho seco – Como são as sessões
- A recomendação (protocolo) é realizar de 3 a 4 sessões, com intervalos de 15 dias entre elas e 1 aplicação anual de manutenção
- A IPL é aplicada em consultório, sem necessidade de internação ou afastamento das atividades do dia a dia
- No dia da aplicação, a recomendação é não usar cremes, maquiagens ou quaisquer produtos cosméticos na face
- Antes de iniciar a aplicação, o médico passa um gel, semelhante ao usado em exames de ultrassom, na região do rosto
- O médico cobre os olhos do pacientes com óculos especiais para protegê-los durante a aplicação
- Após a aplicação, o médico extrai o sebo acumulado para desobstruir os ductos das glândulas sebáceas
Qual o valor do tratamento com a luz intensa pulsada?
Vale lembrar que a IPL não tem cobertura de nenhum plano de saúde no Brasil. Portanto, o tratamento é particular. Em relação ao valor, os custos dependem de uma série de fatores. Por isto, somente após uma avaliação do médico é possível obter a informação dos valores e formas de pagamento.
Como você viu, a luz intensa pulsada trata a blefarite, a meibomite e o olho seco e já está disponível no Brasil. O mais importante é que os resultados da IPL são comprovados por inúmeros estudos científicos, além de levaram à remissão dos sintomas em longo prazo.