A blefarite e o calázio, principalmente de repetição, são condições que quase sempre estão associadas. Para entender melhor a relação entre elas, vamos falar um pouco mais sobre as causas, sintomas, fatores de risco e tratamento.
Segundo Dra. Tatiana Nahas, oftalmologista especialista em cirurgia plástica ocular, a inflamação afeta as margens das pálpebras, ou seja, aquela borda em que as mulheres costumam passar o lápis de olho. “A blefarite é uma consequência da obstrução das glândulas sebáceas, chamadas de glândulas de Meibômio, que se localizam nas margens palpebrais”.
“Esta inflamação é crônica, difícil de tratar e impacta bastante na qualidade de vida. Os sintomas são coceira, acúmulo de secreção na base dos cílios, vermelhidão nas pálpebras e nos olhos, coceira e irritação. Infelizmente, o tratamento clínico nem sempre é suficiente para reduzir os sintomas em longo prazo ou de forma efetiva”, comenta.
Blefarite e calázio quase sempre estão associados
Uma das principais consequências da blefarite é o desenvolvimento do calázio. As glândulas sebáceas das pálpebras são responsáveis por produzir e secretar o meibum, a parte gordurosa do filme lacrimal. A obstrução destas glândulas causa um acúmulo de sebo que não só pode causar a blefarite, como também levar à formação de um calázio”, explica Dra. Tatiana.
“O calázio se forma quando o meibum se acumula nos tecidos moles da pálpebra. A partir disto, ocorre uma resposta inflamatória aguda, com a formação de um nódulo (bolinha) na parte interna da pálpebra. Normalmente, este nódulo se forma na pálpebra superior, pois as glândulas meibomianas são duas vezes mais numerosas na pálpebra superior do que na inferior”, adiciona a especialista.
Entre os principais sintomas do calázio estão a vermelhidão, calor no local e dor. Dependendo do tamanho, a pessoa também pode apresentar lacrimejamento, irritação e, de acordo com o tamanho, pode ocorrer embaçamento da visão.
Cronicidade da blefarite pode causar calázio de repetição
Qualquer pessoa pode desenvolver um calázio ao longo da vida, que, na maioria dos casos, se resolve de forma espontânea. Por outro lado, quem tem blefarite, pode desenvolver o chamado calázio de repetição. A explicação é que a blefarite é uma doença crônica. Portanto, quando não tratada e controlada, aumenta o risco de complicações como o calázio.
Luz pulsada trata blefarite e calázio
A boa notícia para quem tem blefarite e calázio é que nos últimos anos, a luz intensa pulsada tem sido amplamente aplicada no tratamento destas condições.
De acordo com um estudo publicado no periódico Archivos de La Sociedad Espanhõla de Oftalmología, o tratamento do calázio com a luz pulsada se mostrou seguro e eficaz em 96% dos casos. Vale lembrar que a luz pulsada trata também a blefarite. A partir do momento que as glândulas são desobstruídas e começam a funcionar com deveriam, o risco de desenvolver um calázio é infinitamente menor.
O aspecto mais relevante da luz intensa pulsada é a melhora dos sintomas se mantém em longo prazo. Ou seja, a doença entra em remissão. O tratamento é feito em três sessões, realizadas com intervalo de 15 dias entre elas. Recomenda-se uma sessão anual de manutenção.
“O calázio de repetição afeta muito a qualidade de vida. A remoção cirúrgica nem sempre é adequada quando a pessoa tem vários episódios ao longo do tempo. Desta forma, o uso da luz intensa pulsada nos quadros crônicos se mostra uma excelente alternativa com resultados eficazes, além de ser um procedimento seguro e sem efeitos adversos”, finaliza Dra. Tatiana.