Pessoas com diagnóstico de inflamação crônica nas glândulas sebáceas das pálpebras e olho seco precisam adotar cuidados para prevenir a piora dos sintomas
Nos últimos dias alguns estados brasileiros têm sido afetados por uma forte onda de calor. Apesar do Brasil ser um país de clima mais quente, as temperaturas estão acima da média. Este calor excessivo pode causar alguns problemas de saúde. Mas, o que poucas pessoas sabem é que o clima mais quente e seco pode piorar sintomas de doenças que afetam as glândulas sebáceas das pálpebras.
Segundo Dra. Tatiana Nahas, oftalmologista especialista em cirurgia plástica ocular e anexos palpebrais, o calor excessivo faz com que as glândulas sebáceas, incluindo as que se localizam nas pálpebras, produzam mais gordura para proteger a pele da perda de água por meio do suor.
“A inflamação crônica nas margens palpebrais, chamada de blefarite, ocorre justamente por alterações na produção e secreção do sebo pelas glândulas de Meibômio, que se localizam nas pálpebras. Normalmente, a blefarite está associada à meibomite e ao olho seco. Ou seja, estas três condições tem origem em problemas nas glândulas sebáceas das pálpebras.
“O sebo produzido pelas glândulas de Meibômio, chamado de meibum, compõe o filme lacrimal. Ele cumpre um papel essencial de manter a superfície ocular lubrificada e nutrida. Porém, a inflamação se dá pela secreção excessiva do meibum e a consequente obstrução dos ductos. Como o calor pode aumentar a produção e a secreção, os sintomas podem piorar”, explica Dra. Tatiana.
Olhos grudados
Um dos sintomas mais característicos da blefarite e da meibomite é acordar com os olhos grudados. A região das pálpebras fica repleta de secreção acumulada pela manhã. Além desta manifestação, a pessoa pode apresentar inchaço, coceira, vermelhidão, ardência, perda de cílios e sensibilidade à luz.
Controle dos sintomas
A primeira dica para quem tem estes diagnósticos é procurar controlar a temperatura corporal. Quanto menos a pessoa suar, menor o risco de induzir a produção excessiva de sebo pelas glândulas palpebrais.
Mas, a secura ocular, típica de quem tem alterações nas glândulas de Meibômio, também precisa ser controlada. Para isto, a recomendação é usar colírios lubrificantes e lágrimas artificiais. Preferencialmente, os colírios devem ser prescritos por um oftalmologista.
Por fim, o controle da umidade relativa do ar nos ambientes de trabalho, estudos e em casa é fundamental. Isto pode ser feito por meio do uso de umidificadores de ar.
Solução em longo prazo
“Atualmente, a luz intensa pulsada tem sido utilizada para o tratamento da blefarite, meibomite e olho seco. O principal benefício é que o controle das crises em longo prazo. Desta forma, a chance de o paciente ter um agravamento dos sintomas durante os dias mais quentes é menor”, diz Dra. Tatiana.
Limpe suas pálpebras
A última recomendação da especialista é que a higiene das pálpebras. Todos os pacientes que têm problemas nas glândulas palpebrais devem realizar a higiene das pálpebras. “Manter esta limpeza previne o agravamento da inflamação e a proliferação de micro-organismos, como os ácaros Demodex. Normalmente, o crescimento da colônia destes ácaros pode piorar os sintomas”, finaliza.
Passo a Passo da Higiene das Pálpebras
1-Aquecimento das pálpebras: Como as secreções ficam endurecidas, é preciso aquecer para desgrudá-las e não machucar a pele. O ideal é fazer uma compressa com água morna e deixar de 3 a 5 minutos em cada olho.
2- Massagem: Depois de aquecer as pálpebras, faça uma massagem sútil de fora para dentro para eliminar a secreção acumulada.
3- Limpeza das pálpebras e dos cílios: Use a mistura da água com o xampu neutro infantil diluído. Com a ponta dos dedos limpe as pálpebras e os cílios. Massageie suavemente, com movimentos circulares. Enxague bem e seque suavemente.