Meibomite é a inflamação crônica das glândulas sebáceas das pálpebras
As lentes de contato são uma ótima alternativa para quem não se adapta aos óculos de grau. Segundo estimativas da Sociedade Brasileira de Lentes de Contato, Córnea e Refratometria (SOBLEC), cerca de 3 milhões de brasileiros são usuários de lentes de contato. No mundo, essa estimativa chega a 140 milhões de pessoas.
Apesar dos benefícios de não precisar de óculos para corrigir os erros refrativos, como a miopia e o astigmatismo, o uso prolongado de lentes de contato aumenta o risco de diversas doenças oculares, como a disfunção das glândulas meibomianas, também chamada de meibomite. Esse foi o parecer de um estudo recente, publicado no Eye & Contact Lens Science Clinical Pratice.
Opinião da especialista
Segundo Dra. Tatiana R. Nahas, oftalmologista especialista em cirurgia plástica ocular e doenças que afetam as pálpebras, o uso das lentes de contato altera a morfologia das estruturas oculares.
“As evidências científicas ao longo dos anos apontaram que as lentes de contato estão associadas a diversas alterações na morfologia das glândulas meibomianas. Além disso, esses dispositivos alteram as margens das pálpebras e a secreção do meibum, parte gordurosa da lágrima. Portanto, esses achados corroboram as evidências já estudadas a respeito dos prejuízos causados pelas lentes de contato na superfície ocular e anexos”.
Lentes de contato e secura ocular
Entre os principais sintomas de disfunção das glândulas meibomianas estão a secura ocular, irritação, vermelhidão, coceira e sensação de corpo estranho nos olhos. “Isso ocorre porque o meibum é essencial na composição do filme lacrimal. É ele que evita a evaporação da lágrima para manter a superfície ocular bem hidratada e nutrida”, explica Dra. Tatiana.
Aproximadamente 30% a 50% dos usuários de lentes de contato relatam os sintomas relacionados à meibomite e ao olho seco. “Por isso, a morfologia e função das glândulas de Meibômio são fatores importantes para o diagnóstico da meibomite, que deve ser levado em consideração na presença dessas manifestações”, aponta a especialista.
A meibomite é uma condição que se caracteriza pela anormalidade crônica e difusa dos nas glândulas meibomianas, comumente caracterizada por obstrução do ducto terminal, bem como por alterações, qualitativas ou quantitativas, na secreção do meibum.
O diagnóstico da meibomite pode ser feito por meio de um exame chamado de meibografia que avalia a estrutura e a função das glândulas. Junto ao exame, o oftalmologista avalia também os sintomas, a condição do meibum e as anormalidades nas margens das pálpebras.
Meibomite tem tratamento?
Quando a relação entre o uso das lentes de contato e a meibomite é bastante clara, a primeira atitude é substituir as lentes pelos óculos. Atualmente, um dos tratamentos mais usados para a meibomite é a luz intensa pulsada. A IRPL® (Intense Regulated Pulsed Light), uma tecnologia que usa a luz como o princípio do tratamento.
A luz emitida pelo aparelho se transforma em calor. O efeito térmico, portanto, é o que age nas causas da inflamação nas pálpebras, na meibomite e no olho seco. Na meibomite, a luz intensa pulsada é eficaz para desobstruir os ductos por onde o meibum é secretado, além de reduzir o processo inflamatório.
A luz intensa pulsada deve ser aplicada por um médico oftalmologista. Esse profissional precisa ter experiência e treinamento no aparelho. O paciente não sente dor, não fica internado e retoma suas atividades em seguida à sessão.
Ao todo, são realizadas três sessões, com intervalo de 15 dias entre cada uma. O resultado, ou seja, o controle das crises e a melhora dos sintomas pode durar até três anos. Contudo, é recomendado realizar uma sessão anual de manutenção.
“Em resumo, é muito importante que os usuários de lentes de contato fiquem atentos aos sintomas sugestivos da meibomite e do olho seco. O diagnóstico precoce pode evitar problemas na córnea, além de permitir que o tratamento seja mais eficaz”, finaliza a médica.