A epífora é uma condição ocular caracterizada pelo transbordamento de lágrimas que ocorre devido a problemas na drenagem do sistema lacrimal.
Segundo Dra. Tatiana Nahas, oftalmologista especialista em doenças das pálpebras e cirurgia plástica ocular, o lacrimejamento típico da epífora ocorre devido à deficiência na drenagem das lágrimas. “Vale ressaltar que esse tipo de transbordamento de lágrimas é diferente dos casos em que o lacrimejamento ocorre devido à produção excessiva de lágrimas por outras causas”.
De onde vem o termo epífora?
O termo epífora deriva do grego “epi” “phérein” e quer dizer “trazer sobre”, em referência ao transbordamento das lágrimas.
Epífora no recém-nascido
Na infância, a principal causa da epífora é a obstrução do ducto nasolacrimal (sistema de drenagem da lágrima). “A prevalência pode chegar em até 20% dos bebês com menos de um ano. A maioria dos casos se resolve espontaneamente ou com massagem específica no local, até o primeiro ano de vida da criança”, comenta Dra. Tatiana.
Epífora em adultos tem causas variadas
A epífora na vida adulta tem diversas causas. “As obstruções do ducto nasolacrimal são responsáveis por cerca de 68% de todos os casos de epífora nos adultos. Esse ducto é responsável por drenar as lágrimas e manter o equilíbrio da produção e escoamento do filme lacrimal”, reforça a médica.
A obstrução pode ocorrer em uma crise de rinite, por exemplo. Entre outras causas podemos citar o mau posicionamento palpebral, insuficiência da bomba lacrimal por flacidez palpebral, chamada de epífora funcional. Há outra condições ligadas à epífora como frouxidão nas pálpebras inferiores, ectrópio (inversão da pálpebra para fora) e o lagoftalmo (dificuldade de fechamento das pálpebras).
Lágrimas de crocodilo: epífora gustativa
Certamente você já ouviu a expressão “lágrimas de crocodilo”. Trata-se de uma referência ao fato de os crocodilos produzirem lágrimas enquanto se alimentam, ou seja, seriam lágrimas de “falsidade”, já que são animais que matam outros animais para se alimentarem.
“Há pessoas que também produzem lágrimas em excesso quando se alimentam. Essa condição é chamada de epífora gustativa e é causada após uma paralisia facial. Em algumas pessoas, a regeneração das fibras gustatórias ocorre de forma desorientada e altera a comunicação nervosa das glândulas lacrimais”, aponta a especialista.
Sinais e sintomas
O principal sinal da epífora é o lacrimejamento excessivo. Em alguns casos, dependendo da origem, pode gerar também visão embaçada, produção excessiva de muco e irritação nas pálpebras.
Tratamento depende da causa
O oftalmologista especializado em pálpebras é o profissional mais qualificado para avaliar se o lacrimejamento excessivo está ligado a problemas na produção das glândulas lacrimais ou no sistema de drenagem da lágrima.
“O diagnóstico é feito através do levantamento de informações durante a consulta, bem como por um exame clínico oftalmológico e procedimentos na própria consulta. Também são solicitados exames de imagem e até testes terapêuticos para confirmar a hipótese diagnóstica”, explica Dra. Tatiana.
Em relação ao tratamento, a oftalmologista comenta que em muitos casos a epífora se resolve espontaneamente, a partir da remissão da sua causa.
“Um ótimo exemplo é o controle de uma crise de rinite, que irá reduzir a produção e secreção das lágrimas. Contudo, no caso das doenças mais complexas podem ser necessários diversos recursos como cirurgias, drenagem manual, entre outros”, finaliza a médica.