A ptose palpebral, também chamada de blefaroptose ou queda da pálpebra, ocorre quando uma das pálpebras superiores se desloca para uma posição mais baixa do que o normal. As causas das ptoses palpebrais são diversas. Além disto, as blefaroptoses podem ser congênitas ou adquiridas.

A mais prevalente de todas é a ptose palpebral involucional, também chamada de senil, uma vez que afeta, principalmente, pessoas com mais de 60 anos. De acordo com a literatura internacional, a prevalência da ptose palpebral involucional é de cerca de 5% nas mulheres e de 4% nos homens entre 45 e 69 anos.

Segundo a oftalmologista Dra. Tatiana Nahas, especialista em cirurgia de pálpebras e Chefe do Serviço de Plástica Ocular da Santa Casa de São Paulo, as apresentações clínicas da ptose palpebral são variadas, desde quedas discretas até quadros de oclusão total da fenda palpebral. “A ptose palpebral pode estar relacionada a uma disfunção isolada ou conjunta dos músculos responsáveis pela elevação das pálpebras”.

“Os músculos que participam da elevação das pálpebras são o levantador das pálpebras, o músculo de Müller e o músculo frontal. Apesar de não ser o principal músculo envolvido na elevação palpebral, alguns casos de blefaroptose possuem associação com disfunções no músculo de Müller”, explica Dra. Tatiana. Esse músculo é responsável por manter o tônus das pálpebras superiores, assim como participa da elevação adicional destas estruturas em cerca de 2mm, em resposta ao estímulo simpático.

“Esta descoberta foi de grande importância para o aprimoramento das técnicas de correção da ptose palpebral. Isto porque quando a causa da blefaroptose está associada ao músculo de Müller, torna-se necessário optar por uma técnica que preserve esta estrutura e a mantenha funcional, como a Conjuntivo-Müllerectomia”, diz Dra. Tatiana.

Colírio ajuda a confirmar o diagnóstico
Para ter certeza de que a ptose foi causada por problemas no músculo de Muller, é realizado um teste com aplicação de colírio de fenilefrina a 10%. Essa substância estimula a contração muscular.

“O diagnóstico é confirmado quando o paciente apresenta uma elevação esteticamente aceitável da pálpebra afetada após o uso do produto. Essa validação é importante, pois oferece maior segurança e previsibilidade dos resultados, uma vez que a correção cirúrgica será semelhante ao efeito do colírio”, cita Dra. Tatiana.

Como é a cirurgia
A Conjuntivo-Müllerectomia, também chamada de Ressecção da Conjuntiva e do Músculo de Müller por meio de Abordagem Posterior, é efetiva e previsível para o tratamento da ptose palpebral adquirida. Além disso, não exige ajustes intraoperatórios, sendo as complicações pós-operatórias raras.

“Entre as vantagens podemos citar baixos índices de complicações, como a hipocorreção ou a hipercorreção da ptose. Além disso, o sulco palpebral superior permanece intacto, uma vez que não há incisões ou cortes nem no músculo levantador, nem na pele das pálpebras”, explica Dra. Tatiana.

Por último, a conjuntivo-müllerectomia não deixa cicatrizes aparentes, melhorando ainda mais o resultado estético do procedimento. A sutura é feita internamente, entre a conjuntiva e o músculo de Müller, de 3 a 4 mm acima da borda superior do tarso. A preservação dessa estrutura é relevante para prevenir lesões na córnea.

“Em vista das evidências científicas e da experiência prática, a conjuntivo-müllerectomia tem se mostrado uma boa opção cirúrgica para a correção de ptoses leves, que respondem bem ao teste de fenilefrina, com ótimos resultados estéticos e sem cicatrizes na pele”, encerra Dra. Tatiana.