Você já parou para pensar que por trás dos movimentos de abrir e fechar suas pálpebras existem músculos trabalhando para isso acontecer? Mas, quando há algum problema no funcionamento do músculo levantador da pálpebra superior, pode ocorrer a ptose palpebral, também chamada de blefaroptose. Ou seja, sua pálpebra pode cair, levando a dificuldades para enxergar e para fechar os olhos.
Segundo a oftalmologista Dra. Tatiana Nahas, especialista em plástica ocular e Chefe do Serviço de Plástica Ocular da Santa Casa de São Paulo, a ptose palpebral ocorre quando a pálpebra superior cai e fica abaixo do nível normal. “A queda costuma acontecer em apenas uma das pálpebras, mas pode ocorrer nas duas. Temos quedas discretas até casos em que há oclusão total da fenda palpebral”.
A médica cita ainda que há ptoses congênitas (presentes ao nascimento) e as ptoses adquiridas, que aparecem ao longo da vida. Estas são mais prevalentes em pessoas com mais de 60 anos e as causas são variadas.
A origem da queda
A ptose palpebral pode ter origem neurogênica. “Isso acontece quando há algum dano ou lesão no nervo oculomotor ou na via simpática ocular. É comum ocorrer em síndromes genéticas, como Horner ou Marcus Gunn. Nestes casos, há um defeito na comunicação entre o nervo oculomotor e o músculo levantador que causa a queda da pálpebra”, comenta Dra.Tatiana.
Já a ptose miogênica está associada à distrofia do músculo levantador e está relacionada a doenças como miastenia gravis, oftalmoplegia crônica progressiva, entre outras. “O músculo sofre uma degeneração progressiva e fica enfraquecido, levando à queda da pálpebra”, explica a médica.
A ptose aponeurótica ocorre quando há deiscência (abertura), alongamento ou desinserção da aponeurose do músculo levantador da pálpebra. “A aponeurose é uma membrana que envolve o músculo. Quando há algum trauma ou lesão nessa estrutura, pode ocorrer a queda da pálpebra. Essa condição está também ligada à ptose senil (relacionada à idade) ou involucional”, diz Dra. Tatiana.
Por fim, temos a ptose de origem mecânica, que leva à queda quando há aumento do peso da pálpebra pela presença de tumores ou de outras lesões. Cirurgia de catarata, inflamações e uso de lentes de contato também são causas da ptose adquirida.
Redução da acuidade visual
O grau de severidade da ptose depende da porção dos olhos que fica coberta pela pálpebra. Pessoas que apresentam uma queda muito acentuada precisam fazer uma cirurgia. “Por exigir que o paciente mantenha as sobrancelhas levantadas para conseguir enxergar, a ptose também pode provocar dores de cabeça e cansaço visual”, diz Dra. Tatiana.
Será que eu tenho ptose?
A avaliação para o diagnóstico da ptose precisa ser minuciosa, assim como o planejamento cirúrgico. “Muitos pacientes chegam ao consultório reclamando de cansaço ou de peso nas pálpebras. Entretanto, nem sempre essas queixas estão relacionadas à ptose. Muitas vezes há apenas um excesso de pele e não ptose”, comenta a médica.
Alterações muito sutis ou que não comprometem tanto a visão podem exigir apenas um acompanhamento periódico. Nestes casos, a cirurgia seria apenas uma opção para adequar a estética. A cirurgia para correção da ptose palpebral deve ser realizada por um oftalmologista especialista em cirurgia periocular, pois esse profissional tem profundo conhecimento sobre a dinâmica das pálpebras e sobre as necessidades de proteção dos olhos e da visão.